Quem estava no Morumbi vai contar essa história por anos. Quem não estava, lembrará do arrependimento de não ter ido – ou vai dizer que foi, sim, quem disse que não?
Foram três semanas desde a derrota em Itaquera, por 2 a 1. Tempo para que a frustração pelo resultado desse lugar à confiança graças à chegada de reforços: Lucas e James Rodríguez.
Lucas, principalmente Lucas. O camisa 7 não vai esquecer da noite de 16 de agosto no Morumbi.
Pouco mais de dez anos depois de deixar o estádio com uma taça inédita, em 2012 a da Copa Sul-Americana, o meia dividiu com a torcida o protagonismo na vitória por 2 a 0 sobre o Corinthians que levou o São Paulo à final da Copa do Brasil, um torneio que o clube nunca venceu. Nesse intervalo, enquanto Lucas defendia PSG e Tottenham na Europa, o Tricolor ia de uma crise a outra: técnica, financeira, política... Uma única taça, a do Paulista, em 2021. Correu risco de rebaixamento no Brasileiro mais de uma vez. Lucas voltou, num contrato curto, como se para demonstrar que ainda tem espaço em ligas da elite europeia, ainda que as propostas não tenham aparecido desde que ele foi dispensado do Tottenham, em maio. Mas não só pra isso.
As lágrimas do ex-garoto, hoje aos 31 anos, quando o juiz apitou o final da partida, foram pra mostrar que a missão de Lucas é maior. Em quatro meses, dá pra ganhar mais um título pelo time que o revelou – talvez, dois, afinal o São Paulo segue vivo na Sul-Americana também. E depois pensar no futuro, como ele afirmou em sua apresentação.
Com uma liberdade que nem ele esperava, Lucas fez um primeiro tempo primoroso no Morumbi. Precisando de uma vitória por dois gols, o São Paulo fez o óbvio no início da partida: sufocou o Corinthians. Não contava, porém, com um rival tão acovardado.
Os alvinegros tinham dificuldade de avançar além da própria intermediária e tinham, como única ferramenta, o chutão na direção de Yuri Alberto – não funcionou uma única vez.
Numa delas, Cássio repôs a bola na direção do atacante, mas Pablo Maia se adiantou, tomou a bola e deixou ela com Welington Rato. O meia partiu da direita para o meio e chutou de longe, no ângulo do gol corintiano.
O ritmo não mudou. Aos 31 minutos, Lucas ampliou. Ele recebeu a bola na entrada da área, levantou para Rato, que devolveu de cabeça. O camisa 7 surgiu sem marcação, cabeceou na trave, e no rebote a bola bateu nele e em Cássio para entrar. O placar necessário estava construído.
Na arquibancada, a torcida reforçou o time.
A classificação do São Paulo começou três semanas atrás, um dia depois da derrota em Itaquera, quando as primeiras notícias sobre as contratações de James Rodríguez e Lucas fora publicadas. Criou-se um ambiente de confiança que se fortaleceu, mesmo com resultados ruins. Comprar ingresso para o jogo do Morumbi tornou-se tarefa quase impossível – foram mais de 62 mil são-paulinos no estádio.
A festa impressionou do portão para fora, com o ônibus tricolor sendo recepcionado por uma multidão, e do portão para dentro, com o time na mesma vibração da arquibancada.
O 2 a 0 poderia ter sido 3 a 0, 4 a 0, só no primeiro tempo, tamanha a superioridade são-paulina e a incompetência corintiana.
O Corinthians só assustou quando o desespero bateu, a partir dos 30 minutos da etapa final. O São Paulo teve chance de ampliar – a melhor delas com Rato –, mas passou o fim do jogo se defendendo para garantir o placar – e Rafael fez uma defesa num chute de Rojas que tinha o ângulo como alvo e que será citada toda vez que essa partida for lembrada.
As finais da Copa do Brasil estão marcadas para os dias 17 e 24 de setembro. O rival será o Flamengo, que eliminou o Grêmio no Maracanã.
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